Curso ministrado no Masp. Ver mais informações aqui.
Com base em autobiografias de pessoas negras escravizadas, publicadas entre fins do século 18 e ao longo do século 19, combinada a análise de obras exibidas na exposição Histórias afro-atlânticas (MASP, Instituto Tomie Ohtake, 2018), o curso discutirá as produções escritas e visuais que conectam trajetórias afro-diaspóricas, mulheres e homens que passaram pela experiência da escravização e da luta pela liberdade (nos Estados Unidos, Brasil e Cuba), como Mahommad Gardo Baquaqua, Juan Francisco Manzano, Sojourner Truth e Olaudah Equiano.
O objetivo é possibilitar outros olhares para temas recorrentes da historiografia sobre escravidão liberdade e abolicionismo e ao longo das aulas, a produção iconográfica que se relaciona com a escrita autobiográfica no contexto da escravisão será apresentada e mediada.
Na exposição Histórias afro-atlânticas (MASP, Instituto Tomie Ohtake, 2018), por exemplo, a obra Portrait of an African, um óleo sobre tela de 1758, de autoria desconhecida, retratava Olaudah Equiano, uma das mais importantes figuras do abolicionismo estadunidense e autor de uma das mais conhecidas autobiografias do gênero. Na mostra também esteve presente a famosa gravura do abolicionista James Phillips (Plans and sections of a slave ship), de 1789 (mesmo ano de publicação da autobiografia de Equiano, com quem possuía relações). Assim como a capa de Ain’t I a Woman? A Midwest Newspaper of Women’s Liberation, publicado entre 1970 e 1974, e que faz referência explícita ao discurso de Sojourner Truth, em 1851. Truth publicou sua autobiografia um ano antes de proferir seu famoso discurso, o que a tornou conhecida na luta abolicionista, sobretudo aquela ligada às sociedades femininas do período.
O curso também dedicará um encontro para reflexão sobre o uso político-pedagógico das autobiografias e da iconografia discutida, evidenciando a potencialidade do debate que coloca em relevo a pluralidade das histórias do mundo afro-atlântico.
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